Elas são do babado!
Sabe aquele seu amigo de trabalho? Aquele que senta a seu lado, que divide o computador, a cadeira e a mesma mesa com você? Sabia que ele pode ser uma Drag de sucesso em Belo Horizonte? Pois é bunita...
Cidades invisíveis é o recorte editorial proposto às reportagens hipertextuais e multimidiáticas desenvolvidas pelos estudantes, neste semestre. Com base no livro homônimo de Ítalo Calvino, segundo o qual "de uma cidade não aproveitamos as suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas" (CALVINO, 2002, p. 44), os estudantes foram estimulados a propor pautas que revelassem uma perspectiva sociocultural pouco visível no jornalismo cultural produzido em Belo Horizonte. A seguir, desenvolveram as reportagens, os ensaios fotográficos e videográficos e experimentaram possibilidades de redação hipertextual. A exemplo dos relatos de Marco Polo no livro, essas reportagens pretendem explorar "os vazios não preenchidos por palavras", através dos quais se tecem as teias de linguagens que conformam as cidades. "As descrições das cidades visitadas por Marco Polo tinham esse dom: era possível percorrê-las com o pensamento, era possível se perder, parar para tomar um ar fresco ou ir embora rapidamente" (CALVINO, 2002, p. 41).
2° 2008
por Breno Procópio, Ratmir Cuna, Victor Corrêa, Virgínia Rosa
Avenida Delta, 20 de outubro, uma segunda-feira à noite... O Bar do Caixote está lotado por causa da noite do brinde. Aquele que consumir uma bebida ou qualquer outro produto ganha um caldo de feijão ou de mandioca. Sentados sobre caixas de frutas, comerciantes, trabalhadores autônomos, professores universitários, galera jovem, pessoal da velha guarda, várias classes sociais dividindo o mesmo espaço... O Caixote é hoje um símbolo dos botequins de Belo Horizonte, pela sua informalidade, descontração, tira-gostos típicos e cerveja gelada. Mas quais serão os segredos que um boteco desses bem mineiro guarda para conquistar o seu público? Querendo desvendar esse mistério, de entender se na cabeça do freguês vale mesmo o “copo sujo”, a boa cozinha ou a hospitalidade da casa, foi que demos início à nossa odisséia “botequinesca”. E valendo-nos da máxima “Belo Horizonte não tem mar, mas tem bar... E eu nunca fiz um amigo bebendo leite”, passamos a percorrer alguns desses estabelecimentos para conhecer as suas histórias, escutar os seus freqüentadores, avaliar a qualidade da cerveja (já que também somos filhos de Deus) e entender essa cultura que se espalha na invisibilidade do cotidiano dessa capital.